Um roteiro doce pelos arredores de Lisboa
Passámos de um tempo em que os doces se confeccionavam nos conventos, seguindo receitas antigas, com muitos ovos e mais açúcar ainda, para a tirania das dietas, em que chega a ser pecado atrever-se na fruta. Mas, contra ventos e marés, esta herança secular da doçaria tradicional chegou aos nossos dias intacta, em tantos lugares de culto que dão origem a romarias para os degustar. Outras receitas ganharam fama sem se lhes conhecer ao certo a origem e passaram a andar nas bocas do mundo. Em comum, uns e outros, têm os segredos que permanecem entre os deuses e que são a alma do negócio. Junte-se-lhes uma ginginha, um Moscatel ou um Porto para um final feliz. Já diz o ditado "perdoa-se o mal que faz pelo bem que sabe”. Em Lisboa e arredores, 10 experiências sensoriais.
Pastéis de Belém
Rua
de Belém, 84-92, Lisboa
Aberto
todos os dias
Tel.
(+351) 213 637 423
www.pasteisdebelem.pt
Fábrica das Trouxas da Malveira
Basta
andar meia hora de carro desde Lisboa para chegar à zona saloia, pincelada de
moinhos de vento, onde se descobrem sabores resgatados do Convento de Odivelas
por quatro mulheres empreendedoras no seu tempo. Foi em 1906 que o negócio
arrancou noutra morada, apesar das trouxas – rolinhos de pão de ló recheados –
só surgirem mais tarde numa homenagem às lavadeiras da região. Ninguém lhes
resistiu e ainda hoje é difícil, pelo que se vendem às centenas todos os dias
acabados de fazer. O café com fabrico próprio foi remodelado e tem um aprazível
varandim.
Rua
Miguel Ferreira, 40, Malveira, Mafra
Encerra
sexta-feira, exceto feriados
Tel.
(+351) 219 862 672
www.fabricadastrouxasdamalveira.com.pt
Cego
Vila
Nogueira de Azeitão fica a meia hora de caminho desde a capital, no sopé da
Arrábida, que merece o passeio. Pode-se ir pelas tortas de Azeitão, que reza a
história que aqui terão nascido em 1901. Maria Albina tinha mão para os doces e
fez disso vida juntamente com o marido, Manuel Rodrigues, aguadeiro, que por
ser cego tornou assim conhecida a casa. Há mais de 40 anos que o negócio mudou
de mãos, mas José Pinto mantém-se fiel ao fabrico artesanal. Mas há mais
iguarias a provar, como os ‘esses’, os mimos, os queijinhos e os gelados, no
seu tempo. Sem esquecer o Moscatel, um generoso secular que faz o cartão de
visita da região vitivinícola da Península de Setúbal.
Rua
José Augusto Coelho, 150, Vila Nogueira de Azeitão, Setúbal
Encerra
à terças-feira
Tel.
(+351) 212 180 301
Casa dos Fofos de Belas
Oppidum
Desde
2016 a ginja de Óbidos tornou-se um produto certificado com Indicação
Geográfica Prtegida (IGP) e com Denominação de Origem Protegida (DOP) pela
União Europeia, garantindo assim que as características, a
qualidade e os modos de confecção são feitos de acordo com o método e a
tradição que lhes deram fama na região e protegem o uso da marca. Em Óbidos
nenhuma outra bebida faz sombra a este licor feito a partir do fruto da família
das cerejas, a ginja. A Oppidum é uma pequena empresa que fez da tradição
familiar um negócio sem perder a sua identidade. Fica na aldeia do Sobral da
Lagoa, a 4 kms de Óbidos, prolífera na produção do fruto, e recebe visitantes
dando a conhecer as várias etapas da produção e culminando com a prova.
Atreva-se numa ginja com chocolate.
Rua
da Escola, 2, Sobral da Lagoa, Óbidos
É
necessário marcação
Tel.
(+351) 262 969 109
www.ginjadeobidos.com
Queijadas da Sapa
"Basílio levava na algibeira do albornoz um embrulho de queijadas da Sapa”, assim reza em Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado (1863), a obra de Camilo Castelo Branco. A referência literária faz jus há mais antiga das cinco marcas de queijadas de Sintra oficialmente reconhecidas, instalada no centro da vila desde a inauguração dos caminhos-de-ferro, em 1887. O negócio iniciou-se às portas da vila, em Ranholas, em 1756, e desde então a receita mantém-se como a original: açúcar, queijo, farinha de trigo, ovos e canela. Contém glúten, lactose e ovos e também tem o seu segredo, mas esse fica com quem o conhece. A apresentação pode ser discreta, mas não é por acaso que se vendem em embalagens de seis . ..
Moscatel de Setúbal Experience
Pastelaria Faruque
Solar do Vinho do Porto
O Palácio de
Ludovice, do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), do
século XVIII, em pleno Bairro Alto, no coração de Lisboa, guarda uma colecção
ímpar de vinhos do Porto. O espaço, elegante e intimista com uma rica colecção
de azulejos iluminação teatral, convida a dois dedos de conversa enquanto se
provam alguns dos melhores néctares que levam o nome de Portugal além
fronteiras. A experiência enológica está à altura dos curiosos e dos
verdadeiros apreciadores do vinho licoroso produzido na Região Demarcada do
Douro de diferentes estilos – ruby, tawny, branco, rosé – e colheitas – LBV (Late Bottled Vintage),
vintage (anos de excepcional qualidade). São mais de 300 as referências à
escolha para provar e tem um catálogo para venda.
Rua
S. Pedro de Alcântara, 45
Encerra
ao domingo
Tel.
(+351) 213 475 707
Bistrô4
Imagine um oásis urbano, à sombra de oliveiras
e limoeiros, e a partir daí uma viagem à mesa entre Paris-Lisboa-Funchal . .. É
pelos sabores que vamos : da cidade-luz a massa choux, da capital portuguesa o creme do pastel nata e da cidade
atlântica o tradicional bolo de mel. O chef João Espírito
Santo garante a qualidade da carta com assinatura do Chefe Benoît Sinthon, duas
estrelas Michelin, no restaurante Il Gallo d’Oro, no Funchal. A
harmonização é perfeita quer com um vinho do Porto, um Madeira, uma ginja ou um
moscatel.
Rua Rosa Araújo, 8, Lisboa
Não encerra
Tel. (+351) 210 015 700
www.bistro4restaurant.com